Hugo Schuchardt an José Leite de Vasconcelos (70-s.n.)

von Hugo Schuchardt

an José Leite de Vasconcelos

Graz

25. 10. 1904

language Deutsch

Schlagwörter: Publikationsversand Etymologie Delius, Nikolaus Gröber, Gustav Leite de Vasconcellos, José (1904) Schuchardt, Hugo (1880) Schuchardt, Hugo (1905) Schuchardt, Hugo (1867)

Zitiervorschlag: Hugo Schuchardt an José Leite de Vasconcelos (70-s.n.). Graz, 25. 10. 1904. Hrsg. von Ivo Castro und Enrique Rodrigues-Moura (2016). In: Bernhard Hurch (Hrsg.): Hugo Schuchardt Archiv. Online unter https://gams.uni-graz.at/o:hsa.letter.4266, abgerufen am 21. 09. 2023. Handle: hdl.handle.net/11471/518.10.1.4266.


|1|

L. Fr.

Ich danke Ihnen bestens für Ihre «Respigos Camonianos»,1 die mich im Allgemeinen und auch ganz im Besondern interessieren. Als ich meine Stanzen an Camões dichtete,2 kannte ich von alledem, was Sie hier wieder ans Licht bringen, nichts; ich hoffe aber, es ist nicht Dichterneid wenn mir das erste Gedicht von N. Delius3 in seiner Form nicht sehr gefällt; es macht einen etwas trivialen Eindruck («Gedicht auf Portugal», «Rolle von Papier»4 u. dgl.). - Die Ableitung galéla von galla sagt mir zu;5 und Ihre Bemerkungen regen mich zu einer kleinen Kritik an, die ich an Gröber schicken werde. - Scoriscatio (und dazu scoriscus aus dem App. Probi)6 findet sich lange Jahre vor Rönsch gebucht, nämlich in meinem Vok. d. Vulgärl. II, 207;7 es ist merkwürdig wie mich Rönsch überhaupt ignoriert (z.B. betreffs prode esse = prodesse).8 - In der Hoffnung Sie demnächst auch geschrieben zu lesen,

mit herzl. Gr.
Ihr
Hugo Schuchardt


1 (Leite de Vasconcelos 1904).

2 Cf. Schuchardt (1880).

3 Nikolaus Delius (1813-1888), professor de Anglística em Bonn e famoso pela sua edição de Shakespeare. Leite, que provavelmente o conhecia por meio de Wilhelm Storck, publicou versos seus a Camões no livro Respigos camonianos.

4 Os sintagmas «Gedicht auf Portugal» e «Rolle von Papier» aparecem nos versos quarto e sexto, respectivamente, do poema de Delius, intitulado Camöens (pág. 32 dos Respigos camonianos; a tradução de Leite de Vasconcelos vem na pág. 33).

5 Refere-se à longa nota 3 da página 45 (e 46) dos Repigos camonianos: «Relacionar-se-ha galélo com o lat. g a l l a «noz de galha», em virtude da fórma globular d'esta, com a qual se compararia a do bago da uva? Teriamos assim um supposto *g a l l e l u s como etymo; o mais na-[46]tural seria que de g a l l a se fizesse um deminutivo em -a mas cfr. bago a par de baga �� baca, e, quanto á forma, cancêllo a par de cancella. O ter é a palavra galélo, em vez de ê, que é do sufixo -êllo, não faz objecção, porque no N. de Tras-os-Montes é substitue frequentemente ê – Tentador seria comparar com esta palavra a hespanhola galillo, que significa «uvula», é deminutivo de u v a; todavia em hespanhol esperar-se-hia que houvesse * gallillo, porque -LL- dão -ll- nessa lingoa –, a não ser que galillo se fórmasse por dissimulação. Com esta ordem de ideias não se rellaciona o facto de g a l l a ter em latim, além da sua significação propria, a de «mau vinho»; tal significação provém certamente do sabor amargoso e adstringente da noz de galha. Incidentemente notarei que o port. galha não vem de g a l l a mas de *g a l l e a, considerada como adjectivo: n u x *g a l l e a. – Segundo o sr. Candido de Figueiredo, galelo em Tras-os-Montes tem a significação de «gomo de laranja» (vid. Novo Dicc., s. v.); como porém não indica precisamente a localidade, não posso verificar se isto é exacto ou não.» Cf. o artigo de Schuchardt «Lat. galla», Zeitschrift für romanische Philologie, 29, 323-332, que começa citando os Respigos Camonianos de Leite de Vasconcelos.

6 Schuchardt refere-se, em concreto, ao seguinte exemplo do Appendix Probi: «coruscus non scoriscus».

7 Schuchardt (1867:207).

8 Hermann Rönsch (1821-1888) foi um teólogo e linguista alemão que se dedicou, especialmente, ao estudo da Vulgata. Em questão estão aqui o seu Itala und Vulgata, das Sprachidiom der urchristlichen Itala und der katholischen Vulgata unter Berücksichtigung der römischen Volkssprache. Marburg: Elwert, 1875 [1869], 2ª ed., 468-469 , e o Vokalismus de Schuchardt, Der Vocalismus des Vulgärlateins II. Leipzig: Teubner, 1867, 504.

Von diesem Korrespondenzstück ist derzeit keine digitale Reproduktion verfügbar.